stereoloser

4.5.05

High Fidelity [ST]



Para acompanhar o comentário do Vidal e, porque não, o post anterior. Se você não entende nada de música e não tem a menor vontade de perceber a genialidade do texto do autor, mesmo sem conhecer as músicas, pule para o segundo parágrafo.

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"Algumas das minhas canções favoritas: "Only Love Can Break Your Heart", de Neil Young; "Last Night I Dreamed That Somebody Loved Me", dos Smiths; "Call Me", com Aretha Franklin; "I Don't Want To Talk About It", com qualquer um. E há também "Love Hurts" e "When Love Breaks Down" e "How Can You Mend A Broken Heart" e "The Speed Of The Sound Of Loneliness" e "She's Gone" e "I Just Don't Know What To Do With Myself" e... algumas destas canções eu ouvi cerca de uma vez por semana, em média (trezentas vezes no primeiro mês e de vez em quando depois disso), desde os dezesseis ou dezenove ou vinte e um anos de idade. Como é que isso pode não deixar você magoado de alguma forma? Como é que isso pode não transformá-lo no tipo de pessoa passível de quebrar em pedacinhos quando seu primeiro amor dá todo errado? O que veio primeiro, a música ou a dor? Ou estava infeliz porque ouvia a música? Esses discos todos transformam você numa pessoa melancólica?

As pessoas se preocupam com o fato das crianças brincarem com armas e dos adolescentes assistirem a vídeos violentos; temos medo de que assimilem um certo tipo de culto à violência. Ninguém se preocupa com o fato das crianças ouvirem milhares -literalmente milhares - de canções sobre amores perdidos e rejeição e dor e infelicidade e perda. As pessoas afetivamente mais infelizes que conheço são as que mais gostam de música pop; e não sei se foi a música pop que causou tal infelicidade, mas sei que elas vêm ouvindo as canções tristes há mais tempo do que vêm vivendo suas vidas infelizes."

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Queria ser tosco como o Rob, entender de música como o Hornby -além de escrever bem como esse filhadaputa. Isso sem mencionar os outros personagens. Por falar nisso, caso tenha lido o livro, visto o filme ou a peça, reparou como todos os personagens masculinos são na verdade um resumo de um único homem? Cada um tem uma característica, que na somatória o resultado sou eu ou você (desde que você, neste caso, tenha um cromossomo Y).
Ah, por sinal, para quem ainda está perdido, este é um trecho do "Alta Fidelidade", do autor acima citado [Nick H, o bastardo que entende de ouvir e digitar palavras na ordem certa], um dos únicos caras que conheço que utiliza "e" quando deveria ser vírgula e fica bom. Realmente bom.
Quem quiser pode clicar aqui e pegar o roteiro do filme.
Escrevi ouvindo: You're Gonna Miss Me | 13th Floor Elevators