Stories From The City, Stories From The Sea

[stereo] Oi. Como foi Buenos Aires?
[Menina_querida] Foi muito legal. Minha vida mudou um pouquinho depois dessa viagem. Queria fazer outra dessas pela Europa.
[stereo] A minha mudou bastante. Acho que a gente precisa conversar mais.
[Menina_querida] É verdade!!! Mas me dá um frio na barriga fazer isso.
[stereo] Conversar comigo?
[Menina_querida] Não! A viagem, to falando da viagem. Encarar o mundo, viver de outra forma, em outro lugar…
[stereo] Uma vez me deu frio na barriga de dizer para uma garota que eu gostava dela. Tinha medo de me apaixonar e sabia que ela ia mudar a minha vida. Seis anos depois descobri que naquela época ela me amava. Nunca vou saber a diferença que ela faria.
[Menina_querida] …
[stereo] Frio na barriga de me relacionar com qualquer pessoa nesse momento.
[Menina_querida] Por quê?
[stereo] Por que vou viajar, pq tenho medo de me apaixonar de novo.
[Menina_querida] …
[stereo] Pior passar o tempo e descubrir que fui um idiota. Lá se foram outros 6 anos...
[Menina_querida] Não acho que você deva evitar se relacionar com as pessoas por um futuro planejado. Ou elas farão parte da sua viagem ou seus planos vão mudar. A vida é assim mesmo... muda a cada hora.
[stereo] É que eu tenho medo de mudanças.
[Menina_querida] Eu não abriria mão de um amor pela certeza de um futuro planejado.
[stereo] Sempre que penso “pô, seria legal um futurinho com tal pessoa�, normalmente tal pessoa nem sabe que eu existo. Ou sabe mas não quer saber.
[Menina_querida] …
[stereo] Pedro que amava Ana, que amava João, que amava Aline, que amava José, que amava Sebastião.
[stereo] Ops. Final pouco ortodoxo. Talvez melhor assim.
[Menina_querida] Voltando ao assunto sério...
[stereo] Voltando?
[Menina_querida] É. Você não falou sério do José e do Sebastião, né?
[stereo]...
[Menina_querida] Bom, esta falta de reciprocidade é o problema eterno. Sempre existe alguém que te ama sem você saber, e vice-versa. Sofro com isso e me pergunto: “pq tenho que gostar de quem não gosta de mim?�
[stereo] Podia vir escrito na testa: “Atenção. Neste momento stereo está gostando de você�
[Menina_querida] Será?
[stereo] Ia perder a graça, mas eu ia ser muito mais auto-confiante e não corria o risco de me enganar.
[Menina_querida] O mais legal é a conquista, né?
[stereo] O que mais dá dor de cabeça também. A gente devia nascer com manual.
[Menina_querida] E com tecla SAP. To sentindo falta de sentir frio na barriga... aquela incerteza.
[stereo] Eu até sinto frios na barriga, o problema é que não dou bola para eles.
[Menina_querida] Como não? Como você sabe que não vai dar certo?
[stereo] Feeling. Não sou um bom conquistador.
[Menina_querida] Não existem bons ou maus conquistadores. Quando encontra alguém onde há química...
[stereo] Sempre fui mal em química.
[Menina_querida] Mas acho que você deve tentar.
[stereo] Mesmo?
[Menina_querida] Sim.
[stereo] ...
[Menina_querida] …
[stereo] Quer sair comigo?
[Menina_querida] …
[stereo] ...
[Menina_querida] …

* stereo has quit IRC (Quit: Entendeu o que eu falei sobre feeling?)

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O formato do texto deste post foi inspirado em um dos melhores blogs que conheço: AnÔnImO iNcÓgNiTo. Sabe aquele futebol moleque? Então, é assim que o Anônimo faz texto. E, confesso, as vezes termino de ler com um nó na garganta, outras vezes morrendo de rir.
Ficam os créditos e a recomendação.

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Em breve voltamos com nossa programação normal.
Escrevi ouvindo: Kamikaze | P. J. Harvey