stereoloser

22.11.04

Personal Fest | 05.11 sexta



Depois de mais de duas semanas sem atualizar (e várias ameaças de morte), você está preste a ler um relato pessoal e intransferível do que rolou no Personal Fest 04 (o trocadilho não foi intencional). Aos desavisados, o título do post é um link para o site do festival argentino. Aos que já sabem do que se trata, entendo toda e qualquer forma de ódio direcionado à minha pessoa. Também os odiaria se a situação fosse inversa (mas não foi, hoho).
Nestes próximos dias apenas relatos dos shows. Na seqüência, “Diários de Young – AKA Coche de Garbin�, ou seja, pequenas incursões nos momentos mais pitorescos desta viagem adjetivada simplesmente como docaraleo. Plug-n-Play.

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Breve introdução: a chegada
Em cima da hora. Homens decidem deixar banho para depois. Mulheres não. Para matar o tempo, a primeira Quilmes. Demora. Impaciência. Bora porra!
Após a confusão na chegada à cidade (explicações posteriores), susto na hora de comprar ingressos (exp. post.). Finalmente adentramos na arena sagrada do rock. No Personal Motorola Stage a visão à direita eram os charmosos edifícios da Avenida Libertador. No palco principal (Personal Main Stage) a visão era aparentemente normal, sem grandes cenários, porém os ventos fortes deram um toque especial aos shows, assim como os aviões rasantes que chegavam ao aeroporto de BsAs. Achou sem graça? É por que você não estava lá.

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Bebel Gilberto – Motorola Stage
Se por aqui a moça ainda leva o estigma de filha de João Gilberto e Miúcha, lá fora já alcançou identidade própria. E no show mostrou por que é admirada por David Bowie (é mole?!?), Pedro Almodóvar, entre outros. Além de ter feito Bill Clinton declarar que “Tanto Tempo� (2000) é seu álbum de cabeceira.
Considerando que o show antecedia o da P. J. Harvey em outro palco, um público fenomenal. Em número arrisco dizer que foi próximo até mesmo ao da P. J. Muita gente dançando enquanto outros babavam extasiados. O set foi basicamente de músicas do novo CD, cantadas em inglês e português.
A banda extrapolou em qualidade. A percussão e o flautista foram os que mais chamaram a atenção, mas tudo estava redondo.
Apenas no final alguns fãs idiotas de Pet Shop Boys começaram a gritar -como se estivessem em um estádio- algo como “petchi chôp boy – petchi chôp boy�. Os mais mal criados chamavam-na de “Xuxa� e afins. A seguinte cena foi a outra parte triste do show:

Um hermanito qualquer fita minha camiseta do Brasil e pergunta (já devidamente traduzido):
Hermano: Vocês são brasileiros?
Garbin *babando no show*: Aham!
Hermano: Ela faz sucesso assim lá no Brasil?
stereo *abaixando a cabeça*: É... não.
Hermano *com um sorriso estranho*: Ah tá!

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P. J. Harvey – Main Stage
Sexy. Esta é a palavra que define o show. Consegue ver na foto o zíper do casaquinho meio militar da moça? Pois é. Fiquei metade do tempo imaginando ela abrindo-o. A outra metade eu prestei atenção na música.
Público relativamente pequeno para tanta magnitude. O set foi bem “low-fi sessions�, basicamente músicas do último CD e alguns hits antigos. Bom. Muito bom. Nada mais a declarar.

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Pet Shop Boys - Motorola Stage
Não fazia muita questão de ver o show dos purpurinados, mas uma vez lá não custava nada. Nada que não fosse gastar meia hora tentando se aproximar um pouquinho que fosse do palco. Uma multidão ensandecida acompanhava a dupla inglesa e nós ficamos observando de longe. O cenário parecia legal e condizente, mas confesso que não ouvi e vi muito mais do que isso.
Aproveitamos o “intervalo� para rir bastante dos mulets e xororós que passavam por ali. De tanto rir resolvemos seguir a orientação que vinha do palco: “Go West�. Sem problemas, “this is what we're gonna do�. Fomos.

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Primal Scream – Main Stage
Finalmente um público digno de festival com uma banda digna do mesmo. Para quem acha que show de rock tem que fazer a caixa torácica vibrar ia gostar desse rock-eletrônico capaz de agradar até mesmo os mais xiitas. Som muito alto e nítido. Perfeito.
A banda pisou no palco e a multidão começou a pular e gritar. Seria assim até o final do show.
Henry Olsen (baixo) e Philip "Toby" Tomanov (bateria) simplesmente destruíram. Britadeira. Juro, nunca vi coisa igual. O Gillespie (vocal) também estava possuído. Só pode.
Se uma parte do público ficou decepcionada sentindo a falta de vários clássicos, a outra regozijava com o set mais pesado que a banda apresentou. Presença de palco, tudo sensacional.
As únicas coisas que me incomodaram foram:
- um garoto “especial� logo na nossa frente, aproximadamente 15 anos, abraçado o tempo inteiro em sua respectiva e pulando feito um bambi. No momento do bis, ele grita algumas coisas inaudíveis e arremata com (imagine isso na voz de uma criança retardada): que guapo!
- um “boludo� que encheu o saco e depois resolveu dar uma de gente boa.
Isso só prova que estou ficando velho, chato e intolerante com a raça humana.
De qualquer maneira, se vai ter trilha sonora no Apocalipse, eu escolho Primal Scream.

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Shows imperdíveis que perdi:
- Electric Six
- Mars Volta
- Entre Ríos
- Pornois (que não sei se era realmente imperdível, mas nunca vou ficar sabendo).

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Bonus Track – Nada Surf | 18.11 quinta
Como se não bastasse tudo isso me avisam que Nada Surf está vindo ao Brasil e fará show em Curitiba. Nada Surf? Que diabos é isso? Após uma rápida e desinteressada busca no soulseek, não achei nada. Já tinha desistido quando uma amiga (Fernanda) perguntou se eu tinha decidido ir ou não no show. Comentei a história, que não tinha ouvido nada e não sabia se estava muito empolgado. Pelo Messenger mesmo ela me passou uma música. Pronto. Estava decidido. Eu tinha que ir.
Sei que muita gente que estava lá (e que dá as caras por aqui) torceu o nariz. Sei também que tinha gente pulando mais de um metro do chão. Eu estava mais para o segundo grupo. Fã incondicional do “fofo style�, gostei muito de conhecer o outro lado dos nova iorquinos. Guitarras mais pesadas (em alguns momentos) contrastando com o vocal (nem sempre) suave do Matthew.
O baterista (Ira Elliot) entrou com um boné azul e vermelho, escrito “FUCK BUSH�. No horário político do Matthew, ele pediu desculpa pelo seu presidente entre outras. O baixista (Daniel Lorca) cantou uma música em francês que até agora não consegui achar em mp3. Enfim, uma banda versátil, divertida e ainda mandaram o cover de “Love will tell us apart� (Joy Division).
Mais comentários aqui. Mas não é o post sobre o Cream, tá logo ali mais embaixo (sexta 19.11).

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Claire, valeu mesmo! Te devo essa.
E Glenda, valeu a companhia e o “A vida é cheia de som e fúria�. LY.