Um Dia De Fúria
i
Convido todos os 4 ou 5 leitores desse blog –a velha piada loser aqui é realidade- para pegarem sua pipoquinha e acomodarem-se confortavelmente em suas poltronas. Hoje vamos falar sobre cinema e este será um post gigante, proporcional ao tamanho de minha ira. Por favor, desliguem seus pagers e celulares (raios, você conhece alguém que ainda use pager?).
---
Cenas clássicas: casal apaixonado enfrentando tudo e todos apenas para trocar juras de amor eterno; comediantes emendando uma piada após a outra num ritmo de tirar o fôlego; longos diálogos filosofando sobre os porquês do universo (só para incluir uma cult no cardápio) ; aventuras malucas no meio de uma fantástica guerra de pipocas. Guerra de pipocas? Sim, essas são cenas reais de um documentário sobre a geração vÃdeo cassete.
Quando esse aparelho de algumas cabeças e nenhuma alma surgiu, muito se especulou sobre o fim da 7ª arte. E após um bom tempo, venho aqui para dizer que eles estavam certos -ou pelo menos quase.
Das últimas 30 ou 40 vezes que fui ao cinema, em todas –e não é força de expressão- havia um grupo de bobalhões querendo competir pela minha atenção com a telona. Seja chutando minha cadeira, fazendo piadas tão idiotas quanto as suas próprias pessoas ou tentando falar mais alto que o Sean Penn ali na frente.
Para mim há uma explicação para a crescente onda desse grupo feio, bobo e inimigo. E o culpado é o vÃdeo cassete.
Explico. Essas infelizes criaturas acostumaram-se a ver filminhos ao lado de seus amigos e familiares no conforto de seus lares. Esse ambiente é extremamente propÃcio para fazer piadinhas ou comentários. Concordo. E acho até saudável. Imagine só:
- Nossa, olha como o Shrek é parecido com o seu chefe, papai.
- E o Burro com a tagarela da vizinha.
- HAHAHAHA.
- E essa Fiona aÃ?
- Ah, aposto como ela tem estria.
- HUAHUA... Huããnh? Cade o filme?!?
- Ai, desculpe gente. Acho que sentei no controle remoto.
Carambola, ótimo! Muito divertido. Estou rindo até amanhã imaginando essa fantástica cena doméstica. Ei, eu disse doméstica. Faça isso em casa seu grande bando de imbecis. No cinema eu gosto de silêncio. E posso garantir que não sou o único. Talvez eu me irrite mais do que a maioria, com isso posso concordar, mas é que eu já estou de saco cheio de vocês.
Vá lá, um comentário aqui e outro ali não tem problema. Afinal de contas, ninguém é de ferro. Mas o filme inteiro? Não tá interessado? Eu tô. Vai conversar lá fora, ô diabo. Vai pro show de calouros fazer suas piadinhas toscas. Melhor, vai para o raio que o parta (estou aliviando nos palavrões devido ao público infantil deste blog de famÃlia).
Há quase cinco anos atrás, Mateus da Costa Meira foi um extra de "Um Dia de Fúria" e coadjuvante de "Clube da Luta".
Como sempre, os teóricos de plantão apareceram para explicar o que não se explica. Nada me irritou tanto como culpar o filme. O garoto ainda não tinha sido apresentado à Tyler Durden (protagonista) e metralhadoras não são conjuradas, logo o ato foi premeditado. Fim de discussão, não é sobre isso que estamos falando. O que eu quero é contar um segredinho para vocês.
Não foram as vozes. Quer dizer, foram, mas não as que ele afirmou ter dentro da cabeça, porque isso é muito clichê. Foram as vozes incansáveis da geração vÃdeo cassete.
Sim, faz sentido. Eu prefiro acreditar que MCM ficou de saco cheio e resolveu dar um basta nos tagarelas.
Como eu fiquei torcendo para que a Globo me chamasse para expor minha teoria ao invés de ter que ouvir neguinho afirmando categoricamente que os filmes violentos eram a “causa de toda a dor do mundoâ€� (frase de um bispo). Se isso tivesse acontecido, hoje terÃamos um Ãcone do Movimento Para o Fim da GVK7 -quem sabe até uma estátua do Mateus- e esses bocabertas pensariam duas vezes antes de tentar competir com o protagonista pelo número de falas. Aliás, fico imaginando a cena: “Aha! Eu sou muito mais melhor de bão que o Neo. Ele só teve 3178 falas durante o filme. Eu consegui o dobroâ€�.
Por esses e outros motivos conclamo a nação -ei, isso é com você também- a fazer sua parte antes que o meu remedinho perca o efeito. Encontrou um membro da GVK7? Peça delicadamente que pare de incomodar. Mas preapare-se. É tÃpico desses seres retrucar, mandar você “ficar na suaâ€� ou proferir a célebre “os incomodados que se retiremâ€�. Não se desespere. É um comportamento de auto-defesa comum dessa espécie. Mas o bom senso normalmente é ativado e tudo ficará bem depois do ataque histérico. Afinal, a moral frente ao grupo foi ameaçada (a mãe natureza nunca falha). Mas se insistir, peça mais uma vez, em um tom um pouco mais rÃspido. Se a coisa continuar, ligue para mim que eu irei com o maior prazer dar umas boas palmadas no bumbum dessa gente mal criada ou melhor, faça isso você mesmo. É fácil, e muito mais saboroso do que você pode imaginar. Tenha um bom filme!
---
Ps’s obrigatórios sobre esse texto:
a) Obviamente o texto foi escrito em tom irônico. Eu não acho que o Mateus seja um santo e que o seu ato tenha sido louvável. Muito menos que ele mereça uma estátua.
b) Eu não acho que as pessoas que morreram naquele dia sejam piada e não tenho intenção de magoar as famÃlias das vÃtimas. Só acho que virou mania se reprimir por causa do politicamente correto. E politicamente correto é coisa de gringo e gringo atira bomba nos antigos parceiros e tortura preso. Eu não quero ficar que nem eles.
c) O movimento é sério. Faça e siga suas próprias regras, mas ajude a combater essa racinha miserável. Está totalmente autorizada a cópia desse texto (e nem precisa dar os créditos, só copia caramba). Algumas sugestões de uso: cole no seu blog, mande por e-mail para os amigos e para a namorada dizendo que foi você que escreveu, passe por fax, coloque no cardápio do seu restaurante, na porta do banheiro da faculdade ou do escritório, enfim, qualquer coisa, mas faça.
d) Não. Não tomo remedinhos e eles não vão perder o efeito. E também não tenho a menor intenção de matar ninguém numa sala de cinema (vontade é outra história).
e) Se você chegou até aqui, fica o meu muito obrigado. Um beijo pra você mamãe!
**